quinta-feira, 7 de abril de 2011

Músico não vai à praia - número #25 – 2008.



Além de postar constantemente um resumo do conteúdo de cada edição da revista engenho(checar posts recentes), iremos postar aos poucos, matérias antigas e marcantes de edições passadas.Um trecho desta matéria foi tirada da Revista Engenho edição especial de aniversário.

Do Vilariño de Tom e Vinicius à Soparia de Chico Science e Zero quatro, bares e restaurantes ficaram célebres como quartéis-generais de músicos.
(Por José Teles, especial para engenho)


Quem menos vai à praia(e mais bares) são os músicos.Provavelmente por serem animais de hábitos noturnos.Alguns bares e restaurantes ficaram notórios pela presença deles.Nos anos 60, os músicos da bossa nova recifense, que se já se transformava em MPB, giravam em torno dos bares e restaurantes da Conde da Boa Vista, a principal avenida do Centro.Eram lugares como o Bar do TPN e a Cantina Star, que, aliás, permanece no mesmo local desde 1965.Foi na cantina, em 1967 (outros juram que teria sido no bar do TPN), que os futuros parceiros e amigos Geraldo Azevedo e Alceu Valença se conheceram.Tanto o TPN quanto o Mustang foram freqüentados, eles e por outros nomes.Gilberto Gil e Paulinho da viola, por exemplo, que passaram uma longa temporada no Recife.O primeiro começou a fermentar o tropicalismo na cidade, depois de ser levado a conhecer Caruaru.Já Paulinho inspirava-se para compor a hoje clássica para um Amor no Recife.Aliás foi num bar, o Do Alves, no bairro da Encruzilhada, que foi lançado um dos manifestos do tropicalismo pernambucano (com paraibanos, potiguares).Manifesto assinado também por Gil e Caetano, em 1968.Reza a lenda que Vinicius de Moraes e Tom Jobim entornavam o chopinho nosso de cada dez minutos, no Veloso, na rua Montenegro, em Ipanema, quando viam passar, caminho à praia, uma belíssima adolescente chamada Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, mais conhecida por Helô Pinheiro.As idas da moça ao mar inspirou a dupla a compor Garota de Ipanema, ali mesmo, na mesa do bar.O lugar, anos depois, seria rebatizado com o título da bossa nova.E a rua, como Vinicius de Moraes.Se Recife teve relativamente menos bares de músicos, Olinda sempre foi pródiga neste item.O maconhão de saudosa memória, demolido, acho que no começo dos anos 90, foi bastante visitado pela fauna intelectual, assim como o Ecológico ou o Bar do Ninho.Na década de 90, em Recife, no Pólo Pina, surgia um novo bar com nome que não tinha nada a ver, soparia.Feito a carioca Leiteria Nice(que ficou conhecida por café Nice) parecia ser um local de sucesso improvável.Afinal, roqueiro tomando sopinha? Roger de Renô, que largou uma bem-remunerada carreira de divulgador da Warner Music, por esta empreitada, acreditou nela.Teve sorte, coincidiu o surgimento do soparia com a efervescência provocada na cidade pelos mangueboys.A soparia tornou-se o nosso Madame Satã(SP).Acontecia de um tudo por ali (ah, se aquele banheiro falasse!) De adolescentes deslumbrados com as primeiras loucuras de suas breves vidas, a doidões de plantão, e muita música da boa. Todo mundo do manguebeat tocou ali.Memoráveis dois shows ocorreram no Soparia, um com Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A.O outro foi um São João animado pelo Mestre Ambrósio, ainda sem disco gravado.Assim como o Madame Satã, a soparia foi prejudicada pelas almas sebosas.O tráfico começou a rondar o Pólo Pina, quando começaram a distribuir fichas com malucos que freqüentavam o point, Roger de Renô fechou a casa e montou o Pina de Copacabana, na Rua da Moeda, Bairro do Recife.A casa não teve muito tempo de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário